Flores comestíveis: sabor, beleza e saúde à sua mesa

Aproveitando que no dia 23 de setembro se iniciou a primavera no Hemisfério Sul, chegou a hora de falar de flores, mais exatamente sobre flores comestíveis. É isso mesmo, apesar de muitas pessoas desconhecerem seus usos culinários, as flores comestíveis garantem sabor e beleza aos pratos, além, é claro de possuir muitas propriedades nutritivas.

Devido a esse desconhecimento a maioria das flores que servem para comer termina sendo consideradas Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANCs.

Na verdade, as flores comestíveis fazem parte da alta gastronomia há bastante tempo. E tem mais, há indícios históricos de que os povos gregos, romanos, chineses e indianos já utilizavam as flores como alimento ou remédio, desde 140 a.C.

Existem uma infinidade de flores comestíveis e com propriedades nutritivas que fazem companhia aos brócolis, a alcachofra e a couve-flor, que são as mais conhecidas. De acordo com a engenheira agrônoma e produtora de flores comestível, Laís Rossetto, no Brasil existem em torno de dez mil espécies de flores comestíveis, mas poucas são exploradas e incentivadas a serem consumidas.

Cabe esclarecer que a flores usadas na alimentação são aquelas que são cultivadas para esse fim, pois aquelas que são comercializadas em floriculturas contêm produtos químicos que podem causar sérios danos à saúde. O pesquisador, Giulio Cesare Stancato alerta que “as flores comestíveis devem ser adquiridas de produtores especializados, que não utilizam qualquer tipo de agrotóxico ou outro tratamento químico no seu cultivo. Além disso, é fundamental saber que não são todas as espécies que podem ser ingeridas. Existem flores que apresentam princípios tóxicos e não devem ser usadas na alimentação de forma alguma”.

Então, a recomendação é sempre ter cuidado especial ao ingerir produtos com os quais temos pouco conhecimento, dar preferência às flores orgânicas, lavar bem as flores, utilizando o método de higienização de outras hortaliças e retirar as partes impróprias para o consumo.

Como verificar se a flor é segura para o consumo humano?

Sempre é bom lembrar que nem todas as flores servem para comer, portanto antes de utilizar esse item nas receitas, procure saber se a flor é adequada para consumo humano.

Especialistas em flores comestíveis afirmam que não há nem técnica e nem características específicas para determinar de que a flor possa ser ingerida por humanos. Grande parte das flores que são consumidas hoje faz parte do conhecimento popular ou que foram estudadas e aprovadas para ser consumidas.

Para identificar quais os tipos de flores que são comestíveis, a engenheira agrônoma, Laís Rossetto dá a seguinte dica: “pesquise ou pergunte para quem está na área, como temos uma ampla variedade de flores com potencial alimentício, é interessante ter certeza se aquela espécie é realmente comestível antes de consumir”.

Principais espécies de flores comestíveis

Para quem gosta de se aventurar na cozinha e testar novos ingredientes para incrementar saladas, sopas, caldos, geleias, doces, chás e até sucos, as flores comestíveis são uma excelente alternativa, porque além de deixar o prato mais bonito e saboroso, essas espécies podem trazer diversos benefícios para nossa saúde. Selecionamos aqui algumas espécies que podem ser consumidas com toda a segurança:

Flor de abóbora – por ser rica em fibras e água, essa flor ajuda a prevenir a constipação intestinal. Ela pode ser consumida em saladas, junto com massas, em omeletes, empanadas, recheadas com queijo e carne e até batida em sucos e vitaminas.

Rosas – as pétalas da rainha das flores dar um ar de sofisticação e beleza aos pratos. Seu sabor pode ser adocicado ou amargo, depende da espécie. Geralmente é usada em sobremesas e na produção de geleia. Na medicina popular a rosa-branca é usada na forma de chá para tratamento de candidíase vaginal ou como laxante.

Violeta – flor bastante conhecida, a violeta possui um sabor levemente adocicado que pode ser utilizada como ingredientes da salada e no preparo de doces, bolos, geleias, chás e xaropes.

Flor do cravo-da-índia – para muitos chefs de cozinha as flores do cravo-da-índia, com seu perfume e sabor picante e levemente adocicado, elevam o patamar de diversas receitas, criando um equilíbrio perfeito entre o doce e o picante. Essa flor pode ser usada em saladas, caldos, sopas, molhos, bolos, sobremesas em geral e no preparo de bebidas, como chá e vinho quente.

Amor-perfeito – essa é uma flor delicada que pode ser usada no preparo de bolos, tortas, sopas, bebidas, em saladas de frutas ou simplesmente para decorar pratos. Apresenta compostos bioativos, ação antioxidante e propriedades anti-inflamatórias. Possui um sabor suave e levemente adocicado.

Flor do Ipê – as flores da árvore símbolo do Brasil, por ter um sabor levemente amargo, são indicadas para saladas ou preparações salgadas. Podem ser consumidas cruas, refogadas, recheadas com pastas, fritas ou empanadas.

Cravina – de origem chinesa, a cravina é uma flor cujo sabor lembra o do cravo-da-índia, por isso é recomendado usar em doses pequenas, em saladas e no preparo de bolos, doces e de sobremesas em geral.

Dentes de leão – essa flor traz muitos benefícios para a saúde, visto que possui propriedades antioxidantes e antirreumáticas. Possui um sabor doce que lembra o mel de abelha, geralmente é muito utilizada como ingrediente de saladas, geleias, sobremesa e sucos.

Lavanda – ganhando cada vez mais espaço na culinária brasileira, a flor da lavanda traz nuances de sabor surpreendente para receitas doces, salgadas, quentes e frias. Além disso, é uma flor que conta com propriedades anti-inflamatória, analgésica, antidepressiva, antirreumática, antiespasmódica, e cicatrizante. O sabor da flor da lavanda tem um leve toque cítrico.

Capuchinha – é uma flor com aspecto mais selvagem e com sabor levemente picante que lembra o agrião. Possui teores de vitamina C, potássio, zinco, luteína e compostos fenólicos. Pode ser usada para fazer saladas, molhos e sucos.

Calêndula – essa flor possui uma coloração igual a do açafrão e possui sabor levemente apimentado. Geralmente é consumida misturada com arroz, sopas, peixes, iogurtes e omeletes. É um alimento rico em óleos essenciais, vitamina C, luteína, triterpenos e flavonoides. Possui ação anti-inflamatória, bactericida, antiviral, antineoplásica e imunoestimulante.

Hibisco – os botões florais do hibisco são famosos por ser muito utilizados nas dietas alimentares, mas suas pétalas também podem ser usadas na culinária, tanto para decorar pratos variados, quanto para fazer saladas, caldos, geleias, xaropes ou aromatizar cremes e mousses. Seu sabor é suave, cítrico e adocicado.

Aqui estão apenas alguns exemplos de flores comestíveis que podem fazer parte do cardápio daquelas pessoas que valorizam os alimentos naturais e gostam de inovar, incorporando à sua alimentação diária produtos saudáveis que não estão presentes na culinária de maneira corriqueira, como é o caso das flores comestíveis.

Apesar de todas as suas qualidades, beleza e sabor, antes de consumir flores comestíveis é recomendado procurar informações detalhadas sobre possíveis contraindicações e efeitos colaterais que seu consumo pode acarretar. Tendo em vista que algumas pessoas podem ter hipersensibilidade a alguns de seus componentes.

Compartilhe este post: