Feira livre: espaço em que a cidade se encontra e se revela

Reconhecida como um dos métodos mais antigos de comercialização de produtos alimentícios, utensílios domésticos, artesanato, bem como roupas e acessórios, a feira livre tem uma importância social, econômica e cultural, porque, além de disponibilizar aos consumidores uma variedade de mercadorias de boa qualidade e com preços mais baixos do o comumente aplicado em mercearias e supermercados, promove a comunicação e a interação entre as pessoas e preserva as tradições populares da cultura urbana onde está inserida.

Historiadores afirmam que foram encontrados indícios da existência dessa atividade comercial no Oriente Médio, desde 500 a.C.. Porem é creditado aos gregos e romanos como os primeiros povos a estabelecer regras de funcionamento para esses espaços e para as trocas de mercadorias.

No Brasil, provavelmente as feiras livres existem desde o período colonial, mas a primeira feira livre que se tem registro no Brasil, aconteceu no Largo General Ozório, no Bairro de Santa Efigênia, na cidade de São Paulo, em 25 de agosto de 1914. A ideia surgiu quando os produtores que vendiam alimentos para os restaurantes e mercearias colocaram os produtos que sobraram à venda por preços mais baixos diretamente para o consumidor. A partir daí as feiras evoluíram e foram se espalhando pela cidade e pelo país.

Anos mais tarde, o então prefeito de São Paulo, Washington Luís, oficializou as feiras livres através do ato n.º 625, de 28 de maio de 1934. Hoje é o Decreto n. 48.172, de 06 de março de 2007 que rege o funcionamento e o exercício das feiras livres no município de São Paulo. Cabe esclarecer que a lei que regulamenta a instalação e funcionamento das feiras livres é feita pelo município.

Para homenagear uma das profissões mais antigas do mundo e valorizar o trabalho do profissional que desempenha um papel relevante para o consumidor que busca qualidade e variedade de produtos por preços mais em conta ao seu orçamento, no dia 25 de agosto comemora-se o Dia do Feirante. A data foi escolhida em alusão a criação da primeira feira livre do Brasil.

Resiliência das feiras livres

As feiras livres são sistema de varejo urbano que existe desde a antiguidade que mesmo passando por período de altos e baixos se permitiu sobreviver ao desenvolvimento das civilizações, desde o surgimento das primeiras vilas até o surgimento das grandes metrópoles.

A socióloga Miriam Cristina Dolzani diz que a feira livre insiste em desafiar a modernidade, porque mesmo com o surgimento de novas formas de varejo como hipermercados, hortifruti e vendas pela internet as feiras livres sobreviveram como lugar público, de rua, de encontro e de sociabilidade. A socióloga explica que há dois motivos para essa resistência da feira livre: “por um lado há os que precisam sobreviver materialmente (feirantes) e por outro lado há aqueles que zelam pela sobrevivência sociocultural”. Entre os fatores que contribuem para a sobrevivência das feiras livres estão:

• O fator econômico – nas feiras livres a possibilidade de encontrar preços menores, qualidade e variedade é maior que encontrar nos supermercados ou mercearias, além da facilidade de negociação de preços, esses detalhes são levados em consideração pelo consumidor na hora da escolha.
• Fator social – as feiras terminam sendo um lugar de encontro entre conhecidos da vizinhança, de interação entre as pessoas e até mesmo fazer novas amizades. A relação entre feirante e freguês é bem pessoal, em que se tratam pelo primeiro nome ou apelido.
• Fator cultural – ainda muito comuns nas feiras às expressões de medidas como: “pacote”, “dúzia” e “bacia”, a circulação de pessoas carregando sacolas pesadas ou carrinho de feira e a gritaria dos feirantes, são aspectos importantes que mantem a tradição cultural das feiras livres.

Devido à importância histórica e cultural de muitas localidades brasileiras, as feiras livres, vão além do comércio e venda de produtos diversos, funcionando também como centros de cultura, lazer, conveniência e ponto turístico, como é o caso da Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro (RJ), a Feira da Liberdade, em São Paulo (SP), a Feira de Caruaru (PE), a Feira de São Joaquim, em Salvador (BA), entre outras.

Principais vantagens de consumir os produtos das feiras livres

Geralmente as feiras livres tem um público fiel, isto ocorre principalmente por alguns fatores que são bem peculiares a esse tipo de comércio. Conheça as principais vantagens de consumir os produtos das feiras livres:

• Mais qualidade e sabor que contribuem para ter uma alimentação mais saudável;
• Mais economia, porque a compra é realizada diretamente com quem produz;
• Mais opções de escolha, devido à variedade de oferta, sobretudo de produtos da estação;
• Possibilidade de conhecer com mais precisão de onde veio o produto, como foi fabricado, se a fruta já está madura para o consumo e até mesmo a melhor forma de preparo de legumes e verduras;
• Valorização do comércio local e a agricultura familiar, porque quando o consumidor escolhe fazer suas compras nas feiras livres ele economiza e ao mesmo tempo valoriza o mercado e o produto local;
• Acesso ao atendimento personalizado, fator que dá mais poder de negociar descontos e abrir espaço para a famosa “pechincha”, porque o contato é feito diretamente com o dono do negócio, o que acaba sendo mais lucrativo para o consumidor;
• E por fim, as feiras livres são espaços de convivência, de diversão, de fazer amizades e até de exercício físico, já que a circulação é grande na tentativa de encontrar os melhores preços.

Diante desse recorte é possível perceber que as feiras livres movimentam a economia, geram emprego, valorizam o pequeno produtor e o comércio local, além disso, ajudam o consumidor a fazer economia e ter uma alimentação saudável. Mais do que isso as feiras livres fazem parte da cultura urbana. Presentes desde os bairros de baixa renda até os bairros mais nobres, as feiras adequaram-se aos novos tempos sem perder o encanto de sua tradição.

Não resta dúvida de que, mais do que uma forma de venda do varejo, as feiras livres são espaços de encontros, de interação entre pessoas e de valores não apenas mercadológicos, além de ser uma poderosa fonte para quem busca uma boa alimentação e viver de forma saudável.

Deixamos aqui, nossos agradecimentos a todos os feirantes por trazer mais saúde e qualidade para o nosso dia a dia.

Feliz Dia do Feirante!